terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Do Conformismo

As tunas costumam tocar estes versos?
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não. [1]
Quando observo uma praxe tenho a oportunidade de apreciar um dos mais ridículos exemplos de conformismo que a nossa espécie é capaz de criar. (Lá está o Absurdo!)

Somos primatas com uma forte necessidade de agradar os outros para sermos socialmente aceites, e torna-se por vezes muito difícil de assumirmos um comportamento divergente. Todos somos, em diferentes graus, conformistas. Todos.

Além disso, muitas vezes aceitamos o inaceitável como sendo natural. Diante os nossos olhos há imensas coisas a que deveríamos dizer-lhes Não, mas olhamos e não reparamos. E mesmo quando vemos o óbvio e sabemos que é preciso dizer Não, vem como que uma força vinda do além aquilo que ficou demonstrado na famosa Experiência de Asch:



Na minha faculdade ainda se fazem praxes!
No meu país ainda se tolera a «ajuda» da troika!

Adenda

O movimento revolucionário é talvez o maior exemplo de inconformismo que conheço. Contudo, sobretudo por ser ainda minoritário, os indivíduos integrados nesse movimento precisam muitas vezes de saber que não estão sozinhos, e que há mais pessoas que pensam como eles. Isso dá-lhes segurança. Não basta saber que se está certo, é preciso que haja quem o confirme e sigam juntos na razão. Por isso, não nos privemos de dizer o óbvio. [2]


[1] Trova do vento que Passa, cantado por Adriano Correia de Oliveira, letra de Manuel Alegre
[2] O Operário em Construção, de Vinícius de Moraes declamado por Mário Viegas,

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